Tertuliano de Cartago (cerca de 150–220 d.C.), um dos grandes Pais da Igreja cristã, afirmou certa vez: "O sangue dos mártires é a semente dos cristãos". Quando registrou essas palavras, esse importante teólogo não imaginava quanto martírio ainda aguardava os fiéis a Cristo ao longo dos séculos por vir.
Em determinadas épocas, esse sangue santo proveniente dos "homens dos quais o mundo não era digno", nas palavras do autor de Hebreus (11.38), fluiu como um rio caudaloso no solo dominado pelos poderes das trevas. Várias foram as tentativas infernais, personificadas em agentes humanos, de eliminar a mensagem pura do evangelho ou mesmo de mesclá-la a mandamentos de homens. No entanto, onde quer que essa semente santa fosse derramada, mesmo depois de anos, brotava o fruto da Luz e a salvação alcançava multidões.
Ainda hoje, em pleno século 21, em várias partes do mundo, os filhos de Deus sofrem martírio e perseguição unicamente por professarem sua fé no Cristo que morreu e ressuscitou para nos reconciliar com o Pai. A maioria dos atuais mártires não possui sequer direito de defesa, mas isso não lhes é empecilho para viver e apregoar a fé que aprenderam e transformou sua vida. Muitas organizações mundiais escolhem ignorar o massacre, as prisões e a privação de direitos tão injustas. Ou escolhem definir como questões culturais às quais decidem não tanger. Por isso, um registro histórico como este é tão relevante para os nossos dias. Esta obra é uma tentativa de dar voz a esses heróis da fé e reacender o debate.
Quando decidimos imprimir essa versão, foi com grande temor e tremor. As cenas descritas são cruentas. A maldade e a "criatividade" a que se pode chegar na aplicação das torturas causam intensa e profunda comoção. Mantivemos cada relato como consta no original, sem suavizar a linguagem.